quinta-feira, 10 de novembro de 2011

Pérsefone



Prosérpina em latim) - Filha de Zeus e Deméter , seu nome significa “portadora da destruição”. Juntamente com sua mãe forma um dos mitos de maior penetração na Grécia Antiga e que deu origem à instituição dos Mistérios de Elêusis, prática que foi instaurada no século XV a.C. e perdurou por aproximadamente 2.000 anos.
Hades, tendo se apaixonado loucamente por Coré, pediu permissão à sua mãe, Deméter, para desposá-la. Sem querer perder a companhia da filha que muito amava e a auxiliava no cultivo dos campos, recusou-lhe o pedido. Certa feita, Coré andava pelas pradarias de Ena, na Sicília a colher flores, quando se deparou com um lindo narciso, solitária flor à beira do lago.
Ignorando tratar-se de um ardiloso truque elaborado por Zeus para atraí-la para os braços de seu irmão, a inocente jovem se aproximou inclinando-se para apanhar flor tão singela. Subitamente a terra abriu-se a seus pés e de suas entranhas surgiu Hades dentro de um carro. Sem tempo para a fuga, Coré foi arrebatada para as profundezas dos Infernos. Com seu rapto e subseqüente violação, Coré, que significa “virgem”, passou a se chamar Perséfone.
Desesperada, Deméter partiu à procura de sua querida filha e, retirando-se do Olimpo, estabeleceu-se na cidade de Elêusis. Amaldiçoou a terra que imediatamente foi assolada por impiedosa esterilidade. A deusa jurou somente retornar para junto dos imortais quando reencontrasse Perséfone. A pedido de Zeus, Hades concordou em devolver sua sobrinha, agora também sua esposa.
Antes porém, o senhor dos mortos a fez comer um bago de romã, pois quem nos Infernos se alimentasse, para lá sempre haveria de retornar. Plutão e Perséfone ficaram assim irremediavelmente unidos porque durante quatro meses do ano devia a deusa passar em companhia do marido nas profundezas subterrâneas. É durante esse período, o outono, que a terra passa por um momento de dormência,

Simbolizando a tristeza e a saudade da grande deusa Mãe que se vê forçada a se separar da filha. Nos demais meses do ano, Deméter e Perséfone estão juntas, vivendo lá no alto do Olimpo. Por esse motivo, Perséfone figura na mitologia tanto quanto divindade agrícola quanto como deusa e rainha das trevas, guardiã dos segredos e mistérios do mundo infernal.

Arquétipo de Perséfone
Ao contrário de Hera e Deméter, que representam padrões arquetípicos ligados a fortes sentimentos instintivos, Perséfone como padrão de personalidade não parece tão sobrepujante. Se Perséfone proporciona a estrutura da personalidade, ela predispõe a mulher não a agir, mas a ser conduzida pelos outros, a ser complacente na ação e passiva na atitude. Perséfone, a jovem, também permite à mulher parecer eternamente jovem.
A Deusa Perséfone tinha dois aspectos, o de jovem e o de rainha do Inferno.Essa dualidade também está presente como dois padrões arquetípicos. As mulheres podem ser influenciadas por um dos dois aspectos, podem crescer de um para outro, ou podem ter igualmente a jovem e a rainha presente em suas psiques.


A Mulher Perséfone
As mulheres do tipo Perséfone são de pouco agir, são conduzidas pelos outros, não sabem o que querem ou para onde vão. Se Atenas é a filha do pai, Perséfone é a filha da mãe. Quando esse complexo de identificação com a mãe ocorre, a filha fica cada vez mais presa a essa relação e só poderá sair dela se encontrar um homem que realmente a arranque dos braços maternos. Fazem de tudo para agradar a mãe, são as boas meninas obedientes, cautelosas, recatadas, passivas e dependentes. Possuem fortes tendências para a mentira e manipulação (para evitar o confronto ou a raiva do outro), como também para o narcisismo. Elas fazem de tudo para se adaptarem, posteriormente, aos desejos de um homem, são uma tela em branco que o homem pinta como quer. A receptividade inata da mulher tipo Perséfone a torna muito maleável. Se as pessoas significativas projetam uma imagem ou expectativa nela, ela inicialmente não resiste. É seu padrão camaleão “provar” o que quer que os outros esperem dela. É essa qualidade que a predispõe a ser “mulher anima”; ela inconscientemente se adapta aquilo que um homem quer que ela seja. Os homens que as escolhem são inexperientes, malandros e os que não se sentem confortáveis com mulheres maduras. Parecem não ter uma personalidade própria. São do tipo mulher-criança combinando forte poder de atratividade e ingenuidade (na mídia temos exemplos típicos como a Angélica e a Sandy). Muitas vezes, sua sexualidade está adormecida, há falta de paixão, de emoção, parecem esperar pelo "príncipe encantado" que virá acordá-las, ou são sexualmente não responsivas que se sentem estupradas ou submissas quando fazem amor. O casamento pode livrá-las do jugo da mãe ou deixá-las num conflito entre a mãe e o marido, repetindo-se o mito. Não se sentirão como autênticas mães ao terem os filhos, pois sempre haverá a intromissão da mãe possessiva.
As mulheres Perséfone são joviais e até mesmo infantis. Muitas vezes são incapazes de fazerem as coisas mais simples, como comprar roupas, sozinhas, e, preferem a opinião e supervisão da mãe, que também escolhe amigos, o que fazer, pelo que se interessar, ler ou ouvir. Enquanto profissionais, não são dedicadas; mudam constantemente de emprego pois vivem procurando algo que lhes agrade. Mas se elas estiverem identificadas com o aspecto da rainha do Inferno, serão muito competentes, principalmente no campo psicológico ou espiritual por saberem sintonizar-se com o mundo do inconsciente. Perséfone,a rainha e guia do Inferno, representa a habilidade de movimentar-se de um lado para outro, entre a realidade do mundo “real” baseada no ego e o inconsciente ou realidade arquetípica da psique. Quando esse arquétipo está ativo, é possível para a mulher meditar entre os dois níveis e integrar ambos em sua personalidade. Pode também servir como guia para os outros que “visitam” o Inferno em seus sonhos e fantasias, ou pode ajudar aqueles que foram “raptados” e perderam a ligação com a realidade. Em resumo, os papéis que mais assume são os da eterna jovem, da eterna filha, da mulher anima, da mulher criança (inconsciente da sua atratividade sexual) , de guia para o Inferno e do símbolo de frescor (ligado à primavera). É uma figura complexa, sensível e frágil em sua estrutura de ego. É alguém que temos vontade de carregar no colo, mas que, ao estar profundamente ferida, pode provocar uma grande destruição ao seu redor, enquanto se recolhe orgulhosa para os recônditos do seu mundo interior.

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